sexta-feira, 26 de junho de 2015

Craques do amador : Redondo, o malandro da cidade que conquistou o interior




   Conheço Redondo desde a infância. Esse cara, que hoje é um dos maiores craques da história do futebol amador de Santa Cruz do Sul, também começou lá na escolinha do FC Santa Cruz, sob o comando do velho mestre Zildo Froelich. Redondo era da minha categoria de idade na época do "seu Zildo", mas tive a sorte de não disputar posição com ele, pois eu era "meia direita", e Redondo jogava no ataque. 
   Somente quem fez parte daquela geração sabe o quanto era difícil disputar posição na famosa escolinha do velho Zildo. No entanto,  Redondo, com aquele jeitão de sambista malandro, sempre se destacou e foi artilheiro num ataque que tinha Fabian "Bolívar" e Jean, um alemãozinho que era "xarope" com a canhota. Esse era o ataque titular de um timaço que tínhamos naqueles tempos de criança: Chiquinho, Geovani, Jairo, Douglas e Lequinho; Cappelari, Dudu e Marcelinho Bodega; Fabian, Redondo e Jean.
   Depois daqueles tempos, lembro de ter enfrentado o Redondo em alguns jogos do amador e como sempre, era difícil pará-lo, pois essa fera sempre foi um jogador acima da média. Lá pelos anos 90 tivemos uma acirrada disputa no campeonato citadino entre o Boa Esperança, time em que eu jogava, e o Castro Alves, num primeiro momento, e o Cruzeiro do Bom Jesus, dois times em que o Redondo jogou. No primeiro ano, ainda pelo segundinho, lembro de um jogaço pelas semifinais, quando vencemos o Castro Alves. Mas no segundo ano, já pelos titulares, perdemos para um timaço do Cruzeiro que, segundo o próprio Redondo é seu time do coração e foi um dos melhores times em que já jogou: Betinho, Borges, Duda, Émerson e Miri; Tibirica, Chulé e Redondo; Moranga, Testa e Júnior. Uma máquina que se sagraria campeã do citadino ( acho que foi em 1998).
    Depois disso, Redondo foi descoberto por Mário Trevisan, um grande técnico e dirigente do Juventude de Monte Alverne, e, assim, literalmente "tomou conta" do futebol do interior de Santa Cruz.
     Além daquele título do Citadino, Redondo ganhou 5 campeonatos de Monte Alverne, 1 Municipal de Boqueirão, 3 municipais de Venâncio, 1 municipal de Vera Cruz,1 Regional e outros..
      É muito título !!!
     Essa trajetória vitoriosa faz desse cara, que é conhecido pela simplicidade e pela parceria, um dos mais vitoriosos jogadores da história dos campeonatos amadores de nossa região.
     Redondo tem uma técnica e habilidade diferenciada, agregada a uma grande visão de jogo, além, é claro, de um faro de gol impressionante, sem contar o fato de ser um jogador decisivo, pois em seu histórico constam alguns gols em decisões..
     Em suma, há anos esse malandro com jeitão de sambista carioca ( não é por acaso que já foi Mestre Sala nota 10 no Carnaval da Santinha), desfila pelos campos do interior demonstrando para várias comunidades seu ótimo futebol.
     Já está na história do futebol amador.....
      Esse é o Redondo.










quarta-feira, 24 de junho de 2015

Do arco da velha : Segundinho do Flamengo, final dos anos 80


   Time do Flamengo do Arroio Grande no final dos anos 80. Em pé, da esquerda para a direita: Jercei, Leontino,Devanir,Cláudio Lagarto, Éberton, Rocha, Zé Roberto, Sérgio, Zacarias, Júlio, seu Zé e Xande(menino). Agachados, da esquerda para a direita; Parede, Jorni, Pixita, Guinho Schimidt, Moco, Rabada, Serginho, Lói, Zé e Alemão.

Rio Pardinho campeão Municipal de 1992: a redenção de um time


   O título do campeonato municipal de Santa Cruz do Sul é uma conquista almejada por todos os times de futebol da cidade e do interior. Conseguir essa façanha não é pra qualquer um. Já vi grandes equipes sucumbirem exatamente na partida decisiva e nunca mais voltarem a decidir o título. 
  O time do Rio Pardinho em 1992 teve uma segunda chance após o trauma de perder em casa a final de 1990 para o Flamengo. Era a chance da redenção.
   A equipe contava com alguns remanescentes da decisão perdida para o Flamengo: Délcio, Amarildo, Luis Carlos, Ângelo e Marquinhos. Além desses, outro jogador que estava presente naquele jogo também fazia parte do elenco: Moco, o carrasco de 1990.
   No banco, não era mais o professor Zezinho, mas um grande técnico: Naldo Hintz, que montou um timaço para não deixar escapar o título: Rafael, Délcio, Amarildo, Ângelo e Luis; Rogério Cabeça, Édson Koeppe, Kiko e Luis Carlos (Ibanes); Moco e Marquinhos (Rivelino).
   E foi esse time que, na final diante do Pinheiral no estádio dos Plátanos, com um gol de Rivelino, conquistou o título tão sonhado:  Rio Pardinho 1x0 Pinheiral
   Assim, em 1992 o Campeonato Municipal foi ganho por um time que, além de conquistar o título, se tornou o redentor de um clube e de toda a comunidade de Rio pardinho.

sábado, 20 de junho de 2015

Do arco da velha : Gaúcho de Linha Vitorino Monteiro


  Uma foto do grande Gaúcho nos anos 80. Consegui identificar alguns jogadores: Oli ( 7º em pé, da esquerda para a direita), Nasário ( agachado, com a bola), Fuca ( ao lado de Nasário) e Alberto Heck ( último agachado, da esquerda para a direita). Esse time é a base da equipe Bicampeã do Departamento Monte Alverne, no final dos anos 80. Um timaço!!

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Grandes times do SESI: Tabacos Brasileiros: mantendo a tradição das fumageiras.


   No início dos anos 90, com as fusões e reorganizações das indústrias fumageiras de Santa Cruz do Sul, surge um outro timaço: Tabacos Brasileiros.
   Essa equipe dominou o cenário dos campeonatos de futebol de campo do Sesi naquele período. 
   O time base era o seguinte: Sono, Frank, Gaspar, Canísio e Ângelo; Bolota, Claus (Vilson) e Índio (Ivan); Paulinho Schuster, Jorge Beltran (Porquinho) e André (Rivelino). 
  Assim, confirmando a tradição, surge outra seleção do futebol amador de Santa Cruz a serviço de uma fumageira no campeonato de futebol de campo do Sesi.
   Esse time que, a exemplo da Reynolds nos anos 80, também acabou conquistando o Sul-Brasileiro do Sesi tinha no comando técnico, outra fera: Clóvis Jacobs, o velho "Babão.
   

Do arco da velha : Industrial, anos 80


Contribuição do meu amigo Jair Rodrigues: Uma foto da equipe do Industrial nos anos 80. Consegui identificar o Manuelão (goleiro), o Davi (4º em pé, da esquerda para a direita), o Jair, ao lado do Davi e o Lauri ( o 3º agachado, da esquerda para a direita).

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Irmãos Coragem Campeão Municipal de 1993: um time valente


   Sempre gostei da equipe do Irmãos Coragem. Talvez, porque lembro de ver meu tio, Beto Menezes, atuando no meio campo do time nos anos oitenta. 
  Até acho que a primeira vez que saí da cidade para acompanhar um jogo no interior foi naquela época, quando o acompanhava até Linha Áustria, interior de Santa Cruz do Sul.
   Lembro de gostar do nome: Irmãos Coragem.
   Coisas de criança...
   E foi literalmente sem medo que a equipe do Irmãos Coragem conquistou o Campeonato Municipal em 1993!
  Naquele ano, o então presidente João Goerck conseguiu montar um grande time, que tinha como base a seguinte escalação: Erni, Palito, Gilmar, Rogério Wartchow e Astor; Rogério Cabeça, Kiko Lau (Valdir), Amarildo e Quinho (Bira) Moco e Aurélio Schwertz (Édio). Um timaço treinado por Clayton, que tinha como auxiliar o saudoso Clóvis Garcia "Caboja", que mais tarde se destacaria como técnico no campeonato Citadino.
   A "coragem" do time foi testada durante todo o campeonato, quando a equipe foi derrubando um a um os favoritos e, principalmente, na grande final, contra os "galáticos" do Linha Santa Cruz, que tinha em seu elenco grandes nomes do futebol santa-cruzense: Bolívar (pai), Kiko, Marcos Rivelino, Zildo, etc.
    Honrando o nome que tem, o Irmãos Coragem encarou a máquina do Linha de igual para igual, vencendo o primeiro jogo em Linha Áustria por 1x0 e, num jogo marcado por muita confusão e briga, arrancou um empate em 2x2 fora de casa para conquistar o inédito título de Campeão Municipal em 1993.
   Assim, no embate entre a técnica e a raça, quem escreveu seu nome na história do Campeonato Municipal de Santa Cruz foi o time que ainda hoje lembro com imenso carinho: Irmãos Coragem.
   

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Boca Júnior campeão Citadino em 2004: a união de velhos rivais


   O campeonato Citadino conquistado pelo Boca Júnior em 2004 foi meu último título no futebol amador. No ano seguinte fui morar em Santa Maria. 
   Escrever sobre aquela conquista é lembrar da mobilização do pessoal de dois bairros da cidade que antes daquele momento tinham certa rivalidade no futebol: Boa Esperança (atual Santa Vitória) e Faxinal Velho.
   Após alguns anos de disputas acirradas e algumas confusões, dirigentes dos dois bairros resolveram unir forças para montar uma equipe com atletas locais e alguns jogadores de outros bairros de Santa Cruz que fosse capaz de conquistar um título almejado há muito tempo pelos bairros da zona sul da cidade. 
   Assim, através dos esforços de Júlio Mello e Sílvio Barbosa ( Faxinal), e de Luis Carlos "Guinho" Guedes e outros ( Boa Esperança), foi montado um time forte para a disputa do certame.
    Lembro que aquela equipe do Boca Júnior conseguiu aliar raça e técnica de maneira primorosa, apresentando um ótimo futebol ao longo do campeonato. O time base era o seguinte: Jair, Spock, Cão, Rivelino e Pablo (Luis Fernando); Dudu, Daniel (Maninho), Cebolinha e Miltinho; Carlinhos e Luciano (Xande). Técnico: Júlio Mello. 
  Um grande time.
  Na final, vitória sobre o Bela Vista, outro bom time que foi montado por Erceu Ramos.
  Muita festa na zona sul da cidade....muita festa no Faxinal...muita festa na (antiga) Boa Esperança!!
   
   Objetivo alcançado.

  Assim, tenho a certeza de que não foi só a conquista do título que ficou na lembrança de todos nós.    Sei que, ainda hoje, quem participou daquele título recorda com orgulho de um time que, além de jogar futebol, conseguiu a proeza de promover o entendimento e a união de forças entre "velhos rivais" dos campos de Santa Cruz do Sul....


Do arco da velha : Rio Pardinho de 1982


Inaugurando a seção "Do arco da velha", o blog apresenta uma foto do Rio Pardinho do ano de 1982.
Confesso que só consegui identificar três atletas: Rogério Wartchow ( o 4º em pé, da esquerda para direita), Dorico ( o último em pé, da esquerda para a direita) e Nica, irmão de Dorico ( 4º agachado, da esquerda para a direita). Sem dúvida, um grande time do interior de Santa Cruz.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Linha Sete, campeão municipal em 1999: união de uma comunidade que desbancou os favoritos.





   Quem acompanha campeonatos de futebol amador sabe que sempre há fatores extra-campo que podem ser decisivos na conquista de um título. Na história do Campeonato Municipal de Santa Cruz a grande mobilização de dirigentes e das comunidades do interior sempre foi uma tradição, sobretudo na montagem das equipes locais que, por vezes, era feita através da velha "vaquinha" e de doações de torcedores apaixonados.
    Nos anos 80 e grande parte dos anos 90, as dificuldades financeiras das equipes eram amenizadas através dessa relação entre torcedores e dirigentes, que acabavam "abraçando o time" e, assim, unindo uma comunidade em torno de um único objetivo: fortalecer a equipe da localidade.
   O Campeonato Municipal de 1999 começou a ser decidido assim: com muita união e garra de toda uma comunidade.
   Antes do início do certame, dirigentes e torcedores da comunidade de Linha Sete de Setembro, interior de Santa Cruz do Sul, realizaram um incansável trabalho com o objetivo de montar uma equipe que fosse capaz de conquistar um título inédito para a localidade.
      Assim, o Linha Sete, campeão municipal de 1999, foi uma das grandes equipes que marcaram o futebol amador de Santa Cruz, pois surgiu em uma localidade fora das tradicionais praças do futebol do interior: Monte Alverne, Linha Santa Cruz, Boa Vista e Rio Pardinho.
   O time foi minunciosamente montado parar fazer frente aos times mais tradicionais da época.
  Seus dirigentes e torcedores se mobilizaram e conseguiram realizar a façanha de montar um grande time que fez história ao acabar com a hegemonia do temido Boa Vista, então tricampeão municipal (96/97/98).
     Um título inédito com um grande time, muito bem treinado por Nilsomar Schoreder.
   No gol, Sérgio Sono, um dos maiores goleiros do futebol amador.
   Na defesa, a experiência de Vandi, Édson, Pelé e Rivelino, uma fortaleza! 
   No entanto, a grande força daquele time estava na qualidade do meio de campo: Vini, Kiko, Élson e Eldor, uma verdadeira constelação de craques que aliava experiência, raça e técnica de forma impressionante.
   No ataque, Jefinho e Porquinho, uma mescla de força e leveza, aliadas ao faro de gol que essa dupla sempre teve.
    Na final, esse timaço despachou outro grande favorito: o Juventude de Monte Alverne, que chegava a sua segunda final do municipal e era um time muito bem armado por Mário Trevisan.

    Festa em Linha Sete de Setembro e alegria de toda uma comunidade!

    Todos com uma só certeza: conseguiram entrar para a história do futebol amador de Santa Cruz do Sul....

Grandes times do SESI: Reynolds, o primeiro timaço.


   Outra tradição no futebol amador em Santa Cruz é o disputadíssimo campeonato de futebol de campo do SESI. Em função da forte vocação industrial  da cidade, sobretudo no que diz respeito à industria fumageira, sempre houve uma intensa movimentação para a formação das equipes de Santa Cruz do Sul para a disputa do certame. Isso ocorre simultaneamente aos campeonatos organizados pelas ligas de futebol amador: Citadino, Monte Alverne, Municipal, Lifasc, etc.
   Ao longo dos anos pude presenciar a crescente rivalidade que surgiu, sobretudo entre as fumageiras, que a cada ano montavam verdadeiras seleções com os melhores jogadores da região.
     A primeira grande equipe que desfilou pelos gramados do SESI foi da extinta RJR, ou Reynolds,  que atingiu o ápice ao conquistar o Sul Brasileiro no início dos anos oitenta.
     O time base treinado pelo Pelego, um velho mestre do futebol amador, tinha a seguinte escalação: Hilário, Daizão, Miguel, Milico (Gilmar) e Schera (Vunibaldo); Zé Rodrigues, Lúvio e Marcos Rivelino (Dorico); Paulinho Schuster, Polaco e Coquinho.
     Uma verdadeira seleção de craques do futebol amador !!
   Essa equipe acabou dominando os campeonatos do SESI a nível regional e estadual naquela época. Após o sucesso da Reynolds, a Tabacos Brasileiros, no início dos anos noventa, também montou um timaço, assim como a Souza Cruz, que acabou conquistando o título em cima da grande rival. A última grande representante da industria fumageira no certame foi a Phillips Morris de Vini, Élson, Toninho e Alex.
      No entanto, vale salientar que algumas empresas de outros setores também fizeram bonito nos gramados do SESI: o frigorífico Excelsior chegou a ser campeão nos anos oitenta e, nos últimos anos, a Xalingo e a Metalúrgica Mor também acabaram entrando neste seleto grupo de empresas da cidade que fizeram história no melhor campeonato de industrias da região.
      



Craques do amador : Oli Schulz, o polivalente multicampeão do futebol amador


   Oli Schulz nasceu em Linha Vitorino Monteiro , no distrito de Monte Alverne, interior de Santa Cruz do Sul há quase cinco décadas. E foi exatamente lá, em Linha Vitorino Monteiro, que  começou a se destacar no futebol amador de Santa Cruz atuando pelo time de coração (segundo o próprio Oli): o Gaúcho, que foi Bicampeão de Monte Alverne no final dos anos 80. A base da equipe era a seguinte; Valdomiro (Ivan), José, Oli, Paulo Bohnen e Nasário. Egídio, Ademar e Andrade. Ari, Alberto Heck (Fuca)e Coquinho, um timaço.
   Dos campos de Monte Alverne para os campos de toda a região do Vale do Rio Pardo. Assim podemos definir a trajetória desse que é um dos jogadores mais vitoriosos dos campeonatos amadores da região.
   No currículo de Oli constam 6 títulos de Monte Alverne, 3 Municipais de Venâncio Aires, 3 Municipais de Vera Cruz, 4 Municipais de Sinimbu, 1 Municipal de Boqueirão, 1 Municipal de Passo do Sobrado,1 Municipal de Santa Cruz, 1 Regional e 1 LIFASC.
  É muita faixa...
  Com características que denotam a polivalência como jogador de futebol ( visto que até de goleiro ele já jogou) Oli sempre teve uma excelente visão e leitura de jogo, além de uma boa colocação atuando na defesa, ou um ótimo passe, atuando como volante.
  Oli faz parte de um seleto grupo de jogadores que desfilaram ( e ainda desfilam) pelos gramados amadores de Santa Cruz; atletas de muita experiência que são como vinho: quanto mais o tempo passa, mais troféus vão conquistando. Assim foi com o velho Vovô, multicampeão no interior e que se destacou no grande time do Boa Vista. Outro grande nome é  Kiko, ex-galo, que fez história no Rio Pardinho, Linha, Linha Sete e tantos outros. Na cidade, vale lembrar  Rogério Cabeça e  Quinho que, após atuarem no futebol profissional foram destaques no futebol amador.
  Assim é a trajetória de Oli  pelos gramados da cidade e do interior desde o início, lá em Linha Vitorino Monteiro: marcada pelas inúmeras conquistas e pelos amigos que fez ao longo de quase três décadas de atividade.
 Um cara que tem seu nome registrado na história do futebol amador de Santa Cruz do Sul.


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Flamengo Campeão Municipal de 1990: o melhor time do rubro negro que vi jogar

   O tempo amanheceu chuvoso naquele domingo. Sinal ruim para um time que jogaria fora de casa e necessitava da vitória para ser Campeão Municipal em 1990, já que no primeiro jogo daquela decisão houve um empate em 1x1 no Estádio da Timbaúva.
   No entanto, esses contratempos não assustavam aquele que considero o melhor time do Flamengo que vi jogar: Gilnei, Ito, Galo, Silvio e Gilmar (Zuza). Bolota, Zé Rodrigues (Cléo), Vini e Amarildo. Moco  e Polaco (Paulinho Schuster). Técnico: Paulo Machado.
   A campanha do Flamengo no campeonato municipal de 1990 comprova a frieza e a experiência daquele time: ganhou de um dos melhores times do Pinheiral, que tinha um ataque com o grandalhão André e o temível Jorge Beltran, talvez um dos melhores centroavantes que vi no amador em Santa Cruz. E o que dizer das heroicas vitórias fora de casa no mata-mata? Primeiro, arrancou uma classificação no temido estádio do "Camboim" contra o Bom Jesus do Cara Preta, Ti, Pacheco e Cezinha. Depois, já nas semifinais, foi à Linha Vitorino Monteiro e se classificou para a final eliminando um timaço do Gaúcho que tinha, entre outros jogadores, Ivan, Oli, Ari Reuter, Nasário, Coquinho e Fuca.
  Por ironia, a final daquele municipal também seria decidida fora de casa: em Rio Pardinho, contra outro timaço comandado pelo experiente Técnico Zezinho: Samuca, Délcio, Gugu, Amarildo e Ângelo. Olavo, Alcindo(Édson) e Luis Carlos. Isi. Airton e Marquinhos. Uma máquina.
  Mas aquele Flamengo era a síntese de um time bem armado e encaixado: aliava experiência e juventude com a raça e a técnica. Zé Rodrigues e Bolota comandavam o meio campo com muita experiência, Silvio tinha uma técnica acima da média pra um zagueiro, a mesma técnica que Amarildo desfilava no meio de campo e que o saudoso Polaco tinha no ataque. A juventude de Gilnei no gol, do Vini no meio campo e do Moco no ataque era complementada pela raça do Ito, do Galo Ferreira e do Gilmar na defesa. Para se ter uma ideia de como esse time "encaixou", lembro que o Paulo Machado teve que deixar no banco ninguém menos que Paulinho Schuster e Cléo, dois caras acima da média no futebol amador.
   Aquela final em Rio Pardinho foi a coroação de um time muito bem treinado pelo Paulo, que era um estudioso de táticas do futebol e de jogadas ensaiadas. Lembro que, durante aquela semana decisiva, o Paulo ensaiou algumas jogadas com o Vini e mais alguns jogadores. Tudo para não deixar escapar o título.
  E não deixou...
  Fui até Rio Pardinho em um dos 7 ônibus que saíram da antiga sede do Mengo, e lá assistí a um jogaço: logo no início do jogo o saudoso André Polaco abriu o placar, e logo depois, Moco, o artilheiro do campeonato fechou o placar.
   Flamengo 2x0 Rio Pardinho. Mengo Campeão Municipal de 1990 !! O primeiro título do departamento citadino...

  E foi assim: na chuva, fora de casa, contra um timaço, com um título conquistado na garra, que vi jogar pela última vez o melhor Flamengo que já surgiu no Arroio Grande.....

sábado, 13 de junho de 2015

"Seu Zildo": o mestre que "lapidou" os craques do futebol amador de Santa Cruz







   Quem vê, nos dias de hoje, Redondo, Rogerinho, Éverton Severo, Marcelinho Bodega e outros jogadores desfilando pelos campos do futebol amador de Santa Cruz não imagina que todos eles foram minuciosamente "lapidados" pelo mesmo treinador.
   "Seu Zildo", como era carinhosamente chamado por todos nós (sim, eu também fui atleta do velho mestre) foi um técnico, dirigente e professor que marcou a história do esporte em Santa Cruz do Sul.
   Entre as décadas de 50 e 70, Zildo Carlos Froelich colecionou inúmeros títulos e feitos históricos para o esporte santacruzense. Neste período foi técnico de basquete masculino e feminino, atuando nas equipes do Corinthians, Sociedade Ginástica e  AABB, sendo campeão estadual em todos eles. Com a Ginástica, inclusive, conquistou o primeiro título estadual de basquete feminino para a cidade.
    Além disso, foi técnico de vôlei  e de equipes de atletismo em Santa Cruz. Em suma, foi literalmente um mestre do esporte santacruzense.
   No entanto, a partir do final da década de 70 e início dos anos 80, o velho mestre, já aposentado, começou a se dedicar exclusivamente ao futebol de campo, mais precisamente, às "escolinhas de futebol" da cidade. Como não poderia deixar de ser, Zildo marcou seu nome como um grande garimpeiro de talentos, sobretudo, quando assumiu o comando das categorias de base do Futebol Clube Santa Cruz.
   Pelas suas mãos passaram craques da dupla Ave-Cruz como Rogerinho, Serginho, Bingo, Éverton Severo, Marciel, Aurélio Schwertz, Mateus Porto, Rangel, Marcelinho, Jairo Peiter, etc. Estrelas do futebol amador de Santa Cruz também foram lapidados por Zildo: Vini, Redondo, Miltinho, Juliano Capelari, Elias Schimidt. Além, é claro, de nosso maior craque santacruzense: Fabian Guedes, o famoso "General Bolívar", multicampeão pelo Internacional (e meu parceiro de "dente-de-leite" no FC Santa Cruz).
  Aqueles moleques dos mais variados recantos de Santa Cruz (cidade e interior) que hoje, assim como eu, já passaram das três décadas de vida, devem lembrar com saudosismo das tardes de sábado, quando a calçada em frente ao 8º BIMTZ era tomada por cerca de 60 meninos esperando o famoso "táxi do seu Zildo" chegar, para, então, dar início aos treinamentos no campo de futebol do quartel.
   Bons tempos!!
   Para ter uma ideia do nível técnico daquela galera, lembro de um confronto habitual que fazíamos entre os juvenis e o dente-de-leite,  que reunia futuros jogadores dos gramados santa-cruzenses. Se não me falha a memória, as escalações de ambas as categorias naquele início dos anos 90 eram as seguintes:

JUVENIL: Auri, Leandro, Fabiano,  Paulista e Marciel. Éverton Severo, Capelari e Jefinho, Vilelinha, Evandro Ramos e Rangel.
DENTE-DE-LEITE: Chiquinho, Geovani, Jairo, Douglas e Lequinho. Jonas, Dudu e Marcelinho, Fabian "Bolívar", Redondo e Jean.

   Recordo que esses confrontos eram atentamente observados pelo "seu Zildo" e por seu fiel escudeiro, nosso amigo Bodega, pai do Marcelinho. Era desse modo que o velho mestre definia quais atletas estariam aptos para os jogos do domingo.
  Aqueles treinos da "escolinha do Santa Cruz" e do Botafogo, clube que Zildo fundou após se desligar do galo, serviram para lapidar e aprimorar os futuros craques que mais tarde desfilaram pelo futebol amador de Santa Cruz.
   Apenas um fato a lamentar sobre essa longa biografia vitoriosa de Zildo Carlos Froelich: a falta de um reconhecimento maior por parte da sociedade santacruzense ao cidadão que elevou o nome do município através do esporte.
   Desse modo, não há como iniciar esse projeto de resgate histórico do futebol amador de Santa Cruz do Sul sem lembrar, em forma de homenagem póstuma, daquele que foi nosso maior mestre: "seu Zildo".